A SAÚDE EM CAMANDUCAIA (ÚLTIMA PARTE)
O PRONTO ATENDIMENTO
Por: Danilo Antonio dos Santos
Para iniciar, vou deixar a fala do Provedor, Sr.
Manoel, em que ele faz um breve resumo do papel e das limitações do Pronto
Atendimento aqui em Camanducaia:
MANOEL GARCIA: “O plantonista, como diz o nosso convênio, é para
emergências. E 90% das consultas, você pode até olhar em nosso relatório, são
ambulatoriais, são consultas triviais. [...] Agora, o hospital não pode negar
atendimento; tem de fazer. [...] E esse atendimento desse médico nesse
instante, é para emergências, não é para consultas de rotina. Consultas de
rotina têm de ser feitas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s). Obviamente que
num sábado e domingo, que se não tiver lá (atendimento na UBS), vai no hospital
e tudo bem, e mesmo assim, existe essa triagem também (Código de Manchester que
já explicamos).”
Sobre a falta de médico:
MANOEL GARCIA: “Como resolver esse problema? Indiscutivelmente que
a resposta é muito fácil: é dinheiro. Médico não trabalha de graça. Dinheiro e
muito dinheiro. Então, essa que é a nossa explicação pelo que aconteceu e que
vai continuar acontecendo."
GESTÃO
MANOEL GARCIA: O hospital é uma entidade filantrópica, particular.
Não é da prefeitura e nem do governo. 55% da Saúde, dado estatístico do
governo, está em mãos das santas casas de misericórdias do Brasil inteiro. Esse
montante já prova que a cidadania se apóia muito nas santas casas, em que as
pessoas podem colaborar, ajudar, enfim. Esse dinheiro (160 mil referente ao
convênio com a prefeitura), como que ele é distribuído? A prefeitura, ela mantém
um convênio com o hospital de Pronto Atendimento Emergencial. A
responsabilidade do hospital, em relação ao Estado, que é representado pela
prefeitura, refere-se então a um Pronto Atendimento Emergencial. Tudo o que é
feito além disso aí, tratamento de doenças, internações, a parte de
Traumatologia, a parte de operações e clínica geral que o hospital faz, é tudo
como um complemento que o hospital faz para ajudar a população pobre, a
população carente a quem usa o SUS. Não é pra gente que tem dinheiro. Então, a
instituição tem de ver isso aí, é o tratamento de pessoas com pouco recurso. É
essa que é a idéia da instituição. Então, esse dinheiro que especifiquei, é
para o Pronto Atendimento Emergencial. O resto é tudo por conta. [...] Nós
temos um repasse de 160 mil mensais e o hospital nos custa 260 mil por mês.
Esses outros 100 mil Reais são obtidos através do SUS, que a gente paga consultas
de médico, curativos... Mias os atendimentos que são baseados nos convênios
particulares. Porque muitas pessoas têm convênios nas fábricas onde trabalham.
Então o hospital utiliza esse convênio, o qual para o hospital é interessante
esse convênio porque o convênio ele paga duas ou três vezes melhor que o SUS.”
Aqui podemos perceber a importância dos convênios
particulares que as firmas pagam. Por isso é interessante também, cobrarmos por
parte dos nossos representantes, atração de empresas que disponibilizam esse
serviço. Não podemos ceder terrenos a empresas que não cumpre metas que venham
a beneficiar a cidade. Uma empresa que paga um bom salário aos seus
funcionários, de certa forma contribui não somente com a economia local, já que
operário ganhando bem, consome bem, mas também principalmente estará
desafogando o hospital em relação à sua condição financeira. Isto significa
maior recurso financeiro que resultará na contratação de mais médico e na
compra de novos aparelhos.
Mais adiante, o Sr. Manoel me explicou que para quem
paga os convênios, são reservados quartos particulares. Mas também ressaltou
que pessoas que não pagam convênio utilizam quartos particulares em casos de
doenças epidemiológicas, contagiosas, em situações que não se pode misturar com
pacientes das enfermarias. Mesmo a pessoa não tendo recurso financeiro, o
hospital não se nega a prestar esse serviço, se caso necessário.
Outro ponto interessante que foi discutido na reunião,
junto ao prefeito e ao provedor, foi a importância dos convênios conjuntos
entre 53 cidades. Nesses convênios, cada município contribui com uma
porcentagem, que eles chamam de Fundo de Participação Municipal (FPM). No caso,
esses convênios servem para que os casos de doenças ou tratamentos que não têm
condições de serem resolvidos aqui na cidade por falta de médicos e estruturas
específicas. Como bem disse o Sr. Manoel, aqui não temos condições de tratar
casos de câncer, por exemplo. Aí o município encaminha esses pacientes aos
municípios conveniados e que tem estrutura melhor do que a nossa.
BREVES SOLUÇÕES DISCUTIDAS NA REUNIÃO
Como é muita informação, estou enxugando ao máximo o
meu texto para lhes transmitir as principais questões. Na reunião, discutimos
brevemente sobre o que NÓS podemos fazer para melhorar a Saúde em
Camanducaia. Eu digo “nós” porque isso não é uma responsabilidade apenas dos
políticos. Como bem expus em tópicos anteriores e também neste post, o poder
municipal e o hospital têm limitações para agir. E entre essas limitações, é
óbvio que a principal é a financeira. Como bem sabemos, vivemos em um país no
qual o governo corta recursos da Saúde para investir em estádios de futebol e
nós acabamos pagando o pato (não o do Corinthians). Pagamos o pato e ainda
bateremos palmas no ano que vem por este pão e circo.
Pois bem, na reunião, o vereador Leandro do Jaguary
nos apresentou uma idéia de sua autoria. Ele fez um levantamento de quantas
unidades consumidoras de energia elétrica há em Camanducaia e chegou ao
resultado de +- 11 mil. Se cada unidade contribuísse com 5 Reais, daria 55 mil.
O Sr. Manoel disse que com esse dinheiro, poderíamos contratar dois médicos,
entre eles, um obstetra, ou seja, as mulheres poderiam dar à luz aqui.
Poderíamos ter um médico fazendo atendimentos ambulatoriais e outro médico
fazendo atendimento emergencial. Essa idéia do vereador está no papel e está
sendo analisada por todos os vereadores. Por enquanto é só uma idéia. Há muito
o que se discutir ainda, como por exemplo como a população vai acatá-la. Para
quem quiser saber mais, procure o vereador citado.
Eu, sinceramente, antes era contra a cobrança na
taxa de luz em benefício à Saúde, mas depois da reunião na qual pude ter
conhecimento de como é gerido o hospital, passei a ter uma opinião contrária.
Como disse acima o Sr. Manoel, o hospital nos presta serviços que vai além do
que pagamos a ele. Portanto, nada mais justo do que começarmos a pensar em como
ajudá-lo. O provedor, pelo que pude perceber, é um excelente administrador,
presta conta mensalmente a todos nós por intermédio da Câmara. Por isso vale a
pena sim mantermos o convênio e colaborar. No próprio facebook ando lendo idéias
de comerciantes que se disponibilizam a colaborar de diversas formas. Os
próprios vereadores, que erroneamente eu pensava não estarem por dentro dos
problemas, eles estão agindo. Segundo o próprio provedor, os atuais vereadores
são irmãos da Santa Casa e participam das reuniões. Por isso o provedor faz
questão de prestar conta de tudo e não somente ao que se refere ao convênio com
a prefeitura.
O prefeito também se reúne semanalmente com todos os
secretários paa discutir os problemas e soluções, principalmente para a Saúde.
Está tentando mais recurso do Estado e também maior proveito dos convênios municipais.
O prefeito não tem a liberdade de aumentar o repasse do atual convênio porque
tem limitação orçamentária amparada por Lei. Isso quer dizer que ele não pode
ficar alocando recursos de uma pasta para a outra quando lhe der na telha,
assim como o vereador também não tem flexibilidade para criar projeto de Lei
que venha alterar em demasia a parte orçamentária.
Bom, espero que vocês tenham gostado do blog.
Devemos colocar este assunto mais vezes em pauta. Gostaria de agradecer a todos
e a todas que estiveram presentes na reunião. Gostaria de me desculpar aqui e
publicamente com o médico Mazinho pela primeira matéria que fiz. Como absorvi
um pouco das emoções populares, acabei reproduzindo o que as pessoas me
disseram naquele dia, sem eu ter real conhecimento do que havia se passado.
Obrigado a todos pela atenção!
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