domingo, 21 de setembro de 2014

LUCIANA GENRO E A IMATURIDADE INTELECTUAL DE DANILO GENTILI

Por: Danilo Santos

Ao assistir à entrevista de Luciana Genro no programa “The Noite”, do Danilo Gentili, os telespectadores se debateram nas redes sociais. Uns defendendo Luciana Genro e outros defendendo Gentili e Roger. O foco da polêmica foi o Socialismo, ideologia a qual segue o partido da candidata.
A grande questão é: até que ponto tal debate é produtivo? Faço esta pergunta por que o debate em torno do Socialismo nas redes sociais sempre vem acompanhado de algumas frases prontas do tipo: “O Socialismo matou 80 milhões”, “Na Rússia.....”, “Em Cuba....” “Na China....” “Na África....”. Toda vez que um candidato ou candidata como Luciana Genro vai a um programa de televisão, sempre aparecem as mesmas frases prontas. Como se Luciana Genro, numa  possibilidade de ganhar a eleição, fosse capaz de fazer um movimento de massas camponesas e operárias para fazer uma revolução armada. Analogias como essas é o que denomina-se anacronismo.
Por mais que façamos um esforço intelectual para corroborar com a idéia de que o “Socialismo” stalinista e os demais que “mataram 80 milhões” não fossem deturpações das propostas de Marx, a pergunta que eu faço é: em que medida há alguma possibilidade de no Brasil haver um movimento de massas com o objetivo de tomar o poder? Ora! Isso é condição primordial para se realizar o Socialismo na prática. Caras como Danilo Gentili e Roger pecam em fazer analogias à URSS sem levar em conta o contexto histórico brasileiro. No Brasil, em nenhum momento da história o povo participou efetivamente de um movimento revolucionário em que tivesse como objetivo tomar o poder. Na Independência, o povo esteve ausente. Proclamação da República, ausente. Revolução de 1930, ausente. Mesmo no golpe militar de 1964 não houve nenhuma reação que desencadeasse uma grande guerra civil, caindo por terra o discurso do “perigo comunista”. O que tivemos foram pequenos grupos de guerrilheiros.
Partindo dessas breves considerações, é muita imaturidade intelectual demonizar uma candidata socialista com analogias anacrônicas. Se quisermos criticar o socialismo de Luciana Genro, devemos levar em consideração as propostas socialistas dela para o Brasil. Mujica é socialista e nem por isso uruguaios estão sendo fuzilados. Luciana Genro disse na entrevista que é bom termos utopias, pois mesmo que não alcancemos o topo de todos os sonhos para uma sociedade melhor, a utopia nos faz subir alguns degraus. No passado, quando crianças, mulheres e homens morriam de fome durante a Revolução Industrial, quando trabalhavam 16 horas diárias em fábricas imundas e onde se acidentavam e não tinham direito algum de indenização, a ideologia socialista serviu a essa massa na luta por melhores condições de vida. Nesse sentido, Luciana Genro foi sincera ao dizer que tem lado.
Da mesma forma que não podemos radicalizar sobre o capitalismo, não podemos sobre o socialismo. A Humanidade conquistou muitos avanços com o capitalismo, mas foi preciso coexistir com o socialismo, caso contrário, muitos direitos da classe trabalhadora jamais existiriam. Agora, radicais há de ambos os lados, tanto do socialismo como do capitalismo. Temos como exemplo os genocídios de Stalin, como temos também os genocídios neo-colonialistas na África por conta do capitalismo. Poderíamos citar muitos exemplos catastróficos de ambas ideologias, levando o debate para um fanatismo exagerado.
O que devemos levar em consideração é que vivemos uma outra realidade. O Brasil não é uma Rússia do início do século XX e nem a esquerda de Luciana Genro difunde luta armada das massas para tomar o poder. O socialismo de Luciana Genro se limita a dar melhores condições de vida aos mais pobres, mas por vias constitucionais. Portanto, não faz o menor sentido fazer analogias com Stalin.


  

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