quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A SAÚDE EM CAMANDUCAIA- PARTE 3

A SAÚDE EM CAMANDUCAIA (PARTE 3)

Por: Danilo Antonio dos Santos


O HOSPITAL E O SUS

No tópico anterior, mostramos um pouco da turbulência financeira pela qual o hospital passou por mais de uma década. Quase chegou à falência, se não fosse a ajuda do município, que deixou de finalizar um prédio para alocar recursos para a Santa Casa. Bom, agora vou falar um pouco de como o hospital se mantém e do papel do SUS.
Tanto o governo Federal como o governo Estadual, repassam migalhas para os municípios, porém exigem dos municípios uma porcentagem em investimento em Saúde que na maioria das vezes não condiz com a realidade orçamentária. Em um município como o de Camanducaia, que ainda não se desenvolveu economicamente, ficamos muito a mercê de poderes superiores, principalmente na questão da saúde pública. Como dissemos no tópico anterior, o município de Camanducaia não conseguiria manter um hospital por conta própria, pois isso significaria aumentar a folha de pagamento, além de comprar toda a aparelhagem. Isso custa caro e a realidade orçamentária de Camanducaia deixa a desejar neste sentido. Infelizmente é assim. Portanto, é bom você saber disso para não cair naquelas propagandas eleitorais nas quais os políticos prometem o impossível. Mas logicamente que os problemas com a saúde não podem ser creditados apenas à questão financeira, mas também a questão da gestão. Mesmo com baixos recursos, se tivermos uma boa gestão podemos ter uma saúde pública de qualidade. Como bem disse o prefeito Edmar Dias, até certo ponto é financeiro, mas depois o problema pode ser por gestão. Por isso é importante obtermos informações, conhecimentos dos problemas, para criarmos soluções. Isso é o que estamos tentando fazer com estas publicações no blog.
Bom, vamos falar do SUS e o hospital. Sobre isso, posso dizer a vocês que os atendimentos pelo SUS aqui em Camanducaia são sempre deficitários. O hospital sempre atende mais do que o SUS paga. Como exemplo do problema, citarei a vocês um relatório do mês de maio. Lembrando que o atual provedor manda um relatório bem detalhado todo mês à Câmara Municipal. Os vereadores têm acesso aos dados tanto técnicos quanto financeiros de tudo o que  o hospital faz, inclusive com o dinheiro que não é proveniente do convênio municipal. Só para vocês terem uma idéia, o relatório que tenho em mãos tem 12 páginas. É do botar inveja em qualquer prestação de contas que estamos acostumados a ver. O relatório se inicia com a seguinte informação:
“O hospital continua a produzir pelo SUS além da cota física e orçamentária.”
Mais adiante:
“(Consultas no Pronto Atendimento) foram realizadas em maio 2.309 consultas (cerca de 76 por dia) sendo 1.839 pelo SUS, ou seja, 1.239 a mais do que previsto na PPI. Se considerarmos o seu valor unitário médio previsto no sistema do SUS (R$ 11,00) a entidade deixou de receber R$ 13.629,00. A maioria deste excedente são consultas que poderiam ser realizadas nas UBS’s.”
Como podemos perceber, a maioria dos atendimentos passa pelo SUS, mais até do que o governo repassa. Isso gera déficit porque o hospital não nega atendimento, seja você pobre ou rico. Por isso é bom termos bom senso e conhecimento. Digo bom senso porque há muitos casos de pessoas que faltam ao serviço porque bebeu demais na festa do dia anterior, e vão ao hospital pegar receita para justificar a falta. Isso, além de caracterizar péssimo hábito, onera ainda mais uma entidade que tem como fim salvar vidas em casos emergenciais. Se você vai lá pegar atestado, você usou repasse do governo que poderia estar beneficiando quem realmente precisa. Por isso, vá ao hospital quando realmente for necessário.
Dando continuidade ao relatório:
“Nos itens 2 e 3 destacamos a realização de procedimentos gerados pelo Pronto Atendimento, cuja maioria extrapola a quantidade prevista na pactuação com o SUS. Para alguns deles nem existe pactuação, como é o caso de aplicações de medicação (1.681 aplicações), inalação (151 realizadas) e curativos (61 realizados), que no custo médio de R$ 5,32 perfazem um montante de R$ 10.070,76 que não foi recebido.”
Caso vocês queiram ter acesso ao relatório, basta irem à Câmara e solicitarem uma cópia. Minha intenção aqui é mostrar a vocês a questão da falência do SUS não só em Camanducaia, mas posso dizer que no Brasil todo. Por isso é de fundamental importância todos na sociedade pensar em idéias e sugestões. Eu iria falar aqui das UBS’s e da sua importância para amenizar o problema deficitário em relação aos atendimentos no hospital, mas isto vou investigar em um momento oportuno. Não podemos dissertar sobre um tema sem antes investigá-lo.
Para finalizar este post, citarei as notas importantes do relatório:
“Mais de 60% dos atendimentos não são de urgência ou emergência e poderiam ser resolvidos nas unidades básicas de saúde (UBS).
Apesar de manter um pediatra para dar suporte ao Pronto Atendimento, a produtividade gerada (21 atendimentos) não é recebida.
Boa parte dos curativos, inalações e aplicação de medicação são realizadas em dias e horários em que as UBS não funcionam.
Procedimentos como medir pressão arterial e glicemia capilar também não são remunerados.”
No próximo post, falarei sobre os problemas relacionados à falta de médicos e sobre o papel do Pronto Atendimento. Obrigado a todos pela atenção! Abaixo, deixo uma ilustração do caos que aqui resumi. 


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