A SAÚDE EM CAMANDUCAIA (PARTE 1)
Por: Danilo Antonio dos Santos
No dia 30 de
julho recebi uma chamada no celular. Do outro lado da linha, um cidadão
solicitando minha presença na Santa Casa para que eu fizesse uma matéria sobre
a enorme fila do SUS. Peguei minha câmera fotográfica e meu gravador de voz, e
fui lá ao hospital. Chegando no local, a situação era realmente como o cidadão
havia me descrito: pessoas aguardando por atendimento desde a manhã. Era 5:15
da tarde quando eu cheguei. As pessoas estavam revoltadas, vociferando contra o
médico plantonista, políticos e recepcionistas. Assim que gravei as
entrevistas, postei a matéria neste blog. Não demorou muito, vários comentários
começaram a surgir no facebook. Os internautas começaram a apontar culpados,
soluções e etc. No dia seguinte de manhã, falei com o prefeito pelo celular. Estava determinado a ouvir a outra versão da
história. Então eu combinei com o prefeito para que marcássemos uma reunião com
o provedor do hospital, vereadores, secretária da saúde e demais autoridades
envolvidas com a Saúde. Realizamos a
reunião no dia 05,- que por coincidência, foi o Dia Nacional da Saúde- na
Prefeitura Municipal, às 14:00 horas. Estiveram presentes: Edmar Dias
(Prefeito), Angelita Streicher Abráscio (Secretária da Saúde), Osmair de Gois
Messias (Presidente da Câmara, mais conhecido como Nenê do Supermercado),
Leandro Lopes de Toledo (Vereador Leandro do Jaguary), Edivaldo Batista Marquez
(Vereador Eidi), Sérvulo Henrique de Campos Guimarães (Vereador Servão), Manoel
Fernando Mosqueira Garcia (Provedor da Santa Casa), Wanessa Cristina de
Carvalho (Enfermeira da Santa Casa), Daniele Barbosa (Encarregada
Administrativa da Santa Casa).
METODOLOGIA
Antes de iniciar
a relatar sobre o que foi discutido na reunião, vou dissertar brevemente sobre
a metodologia que usei. Eu gravei integralmente em áudio o que foi falado na
reunião. Foram quase duas horas de conversa. Como muitas pessoas estavam
participando, seria muito cansativo para eu transcrever tudo, além de que seria
cansativo também para você, leitor. Portanto, transcrevi apenas o que é
essencial para entendermos o todo. O que não transcrevi, farei uma articulação,
colocando tudo no contexto do que foi discutido. Quero deixar bem claro que
nesta matéria não há nada manipulado. Por isso tenho o áudio como prova real do
que aqui você vai ler. Na transcrição, prefiro seguir com fidedignamente o que
está no áudio. Portanto, não repare em erros de concordância nominal ou verbal.
CONTEXTUALIZANDO
A MATÉRIA ANTERIOR
Neste tópico vou
contextualizar a matéria anterior, colocando o ponto de vista do administrador
e dos funcionários da Santa Casa. Segundo o Sr. Manoel, provedor, nos dias em
que o médico Mazinho está de plantão, o hospital lota. Isso porque, segundo o
provedor e pacientes, o médico em questão tem uma excelente eficiência nos diagnósticos.
Então, muitas pessoas preferem se consultar especificamente com ele. No dia em
que fiz a matéria, era o médico Mazinho que estava de plantão. Mas além disso,
aconteceram outros problemas que corroboraram para que a fila aumentasse:
naquele dia houve muitos casos emergenciais, nos quais o médico plantonista
teve que dedicar seu tempo. Cito aqui o caso de uma mulher de Monte Verde que
estava enfartando e o médico tinha que estar aplicando medicamentos e
monitorando constantemente. Como havia apenas um médico no hospital, os casos
ambulatoriais, ou seja, menos graves, tiveram que aguardar os emergenciais
serem resolvidos.
Essa postura do
hospital em relação aos critérios de atendimento, tendo como base a gravidade
da doença do paciente, segue o chamado Código de Manchester. Todo hospital do
Brasil segue este código. Mas o que é o Código de Manchester? É o que vou
explicar resumidamente para vocês. Citarei abaixo o texto explicativo formulado
pela enfermeira Wanessa, responsável pela triagem.
“O Grupo de classificação de
risco de Manchester teve origem, como o nome indica, na cidade de Manchester,
na Inglaterra em 1994, com o objetivo de estabelecer um consenso entre médicos
e enfermeiros para a padronização da classificação de risco nos serviços de
urgência e emergência. No Brasil os sistemas de triagem foram recomendados pela
primeira vez em 2002 na portaria GM 2048 sobre a organização dos sistemas de
urgência.
A Classificação de risco é realizada por uma enfermeira de nível
superior treinada para atuar com auxilio de um computador especifico
disponibilizado pelo governo, em que classifica as queixas por cores que indicam
a prioridade clínica de cada paciente. O método consiste em identificar a
queixa principal do paciente, definir a condição apresentado e procurar sinais
e sintomas em cada nível de prioridade clínica.
Ao dar entrada em uma unidade de saúde o paciente é classificado,
recebendo uma prioridade que determina o tempo alvo para o primeiro atendimento
médico, essa prioridade é baseada na situação clínica apresentada e não na
ordem de chegada.”
(Referência: JUNIOR,
C. W.; MAFRA, A. A. Sistema de Manchester de Classificação de Risco:
Classificação de Risco de Urgência e Emergência. 1ª Ed. Grupo Brasileiro de
Classificação de Risco, Setembro, 2010.)
Tendo conhecimento de como funciona
o gerenciamento do atendimento, podemos chegar à seguinte conclusão: segundo as
enfermeiras, as pessoas que aguardavam na fila naquele dia não se enquadravam
nos casos emergenciais, de acordo com a metodologia usada no processo de
triagem. Fato é que as pessoas que lá estavam aguardaram pelo atendimento sem
nenhum prejuízo à saúde ou risco de morte.
Como tenho limites de caracteres no
blog, darei continuidade sobre os outros tópicos em outras postagens. Assim que
eu terminar tudo, postarei neste primeiro post todos os links referentes aos
outros. Minha intenção é disponibilizar a todos vocês os maiores detalhes
possíveis: sobre a condição financeira, procedimentos técnicos, parcerias com o
poder público e privado por meio de convênios, a atuação do Estado e etc. Espero
que todos entendam. Obrigado pela atenção!
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