quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A SAÚDE EM CAMANDUCAIA- PARTE 1

A SAÚDE EM CAMANDUCAIA (PARTE 1)

Por: Danilo Antonio dos Santos

No dia 30 de julho recebi uma chamada no celular. Do outro lado da linha, um cidadão solicitando minha presença na Santa Casa para que eu fizesse uma matéria sobre a enorme fila do SUS. Peguei minha câmera fotográfica e meu gravador de voz, e fui lá ao hospital. Chegando no local, a situação era realmente como o cidadão havia me descrito: pessoas aguardando por atendimento desde a manhã. Era 5:15 da tarde quando eu cheguei. As pessoas estavam revoltadas, vociferando contra o médico plantonista, políticos e recepcionistas. Assim que gravei as entrevistas, postei a matéria neste blog. Não demorou muito, vários comentários começaram a surgir no facebook. Os internautas começaram a apontar culpados, soluções e etc. No dia seguinte de manhã, falei com o prefeito pelo celular. Estava determinado a ouvir a outra versão da história. Então eu combinei com o prefeito para que marcássemos uma reunião com o provedor do hospital, vereadores, secretária da saúde e demais autoridades envolvidas com a Saúde.  Realizamos a reunião no dia 05,- que por coincidência, foi o Dia Nacional da Saúde- na Prefeitura Municipal, às 14:00 horas. Estiveram presentes: Edmar Dias (Prefeito), Angelita Streicher Abráscio (Secretária da Saúde), Osmair de Gois Messias (Presidente da Câmara, mais conhecido como Nenê do Supermercado), Leandro Lopes de Toledo (Vereador Leandro do Jaguary), Edivaldo Batista Marquez (Vereador Eidi), Sérvulo Henrique de Campos Guimarães (Vereador Servão), Manoel Fernando Mosqueira Garcia (Provedor da Santa Casa), Wanessa Cristina de Carvalho (Enfermeira da Santa Casa), Daniele Barbosa (Encarregada Administrativa da Santa Casa).


METODOLOGIA

Antes de iniciar a relatar sobre o que foi discutido na reunião, vou dissertar brevemente sobre a metodologia que usei. Eu gravei integralmente em áudio o que foi falado na reunião. Foram quase duas horas de conversa. Como muitas pessoas estavam participando, seria muito cansativo para eu transcrever tudo, além de que seria cansativo também para você, leitor. Portanto, transcrevi apenas o que é essencial para entendermos o todo. O que não transcrevi, farei uma articulação, colocando tudo no contexto do que foi discutido. Quero deixar bem claro que nesta matéria não há nada manipulado. Por isso tenho o áudio como prova real do que aqui você vai ler. Na transcrição, prefiro seguir com fidedignamente o que está no áudio. Portanto, não repare em erros de concordância nominal ou verbal.

CONTEXTUALIZANDO A MATÉRIA ANTERIOR

Neste tópico vou contextualizar a matéria anterior, colocando o ponto de vista do administrador e dos funcionários da Santa Casa. Segundo o Sr. Manoel, provedor, nos dias em que o médico Mazinho está de plantão, o hospital lota. Isso porque, segundo o provedor e pacientes, o médico em questão tem uma excelente eficiência nos diagnósticos. Então, muitas pessoas preferem se consultar especificamente com ele. No dia em que fiz a matéria, era o médico Mazinho que estava de plantão. Mas além disso, aconteceram outros problemas que corroboraram para que a fila aumentasse: naquele dia houve muitos casos emergenciais, nos quais o médico plantonista teve que dedicar seu tempo. Cito aqui o caso de uma mulher de Monte Verde que estava enfartando e o médico tinha que estar aplicando medicamentos e monitorando constantemente. Como havia apenas um médico no hospital, os casos ambulatoriais, ou seja, menos graves, tiveram que aguardar os emergenciais serem resolvidos.

Essa postura do hospital em relação aos critérios de atendimento, tendo como base a gravidade da doença do paciente, segue o chamado Código de Manchester. Todo hospital do Brasil segue este código. Mas o que é o Código de Manchester? É o que vou explicar resumidamente para vocês.  Citarei abaixo o texto explicativo formulado pela enfermeira Wanessa, responsável pela triagem.

 “O Grupo de classificação de risco de Manchester teve origem, como o nome indica, na cidade de Manchester, na Inglaterra em 1994, com o objetivo de estabelecer um consenso entre médicos e enfermeiros para a padronização da classificação de risco nos serviços de urgência e emergência. No Brasil os sistemas de triagem foram recomendados pela primeira vez em 2002 na portaria GM 2048 sobre a organização dos sistemas de urgência.
A Classificação de risco é realizada por uma enfermeira de nível superior treinada para atuar com auxilio de um computador especifico disponibilizado pelo governo, em que classifica as queixas por cores que indicam a prioridade clínica de cada paciente. O método consiste em identificar a queixa principal do paciente, definir a condição apresentado e procurar sinais e sintomas em cada nível de prioridade clínica.
Ao dar entrada em uma unidade de saúde o paciente é classificado, recebendo uma prioridade que determina o tempo alvo para o primeiro atendimento médico, essa prioridade é baseada na situação clínica apresentada e não na ordem de chegada.
(Referência: JUNIOR, C. W.; MAFRA, A. A. Sistema de Manchester de Classificação de Risco: Classificação de Risco de Urgência e Emergência. 1ª Ed. Grupo Brasileiro de Classificação de Risco, Setembro, 2010.)

Tendo conhecimento de como funciona o gerenciamento do atendimento, podemos chegar à seguinte conclusão: segundo as enfermeiras, as pessoas que aguardavam na fila naquele dia não se enquadravam nos casos emergenciais, de acordo com a metodologia usada no processo de triagem. Fato é que as pessoas que lá estavam aguardaram pelo atendimento sem nenhum prejuízo à saúde ou risco de morte.
Como tenho limites de caracteres no blog, darei continuidade sobre os outros tópicos em outras postagens. Assim que eu terminar tudo, postarei neste primeiro post todos os links referentes aos outros. Minha intenção é disponibilizar a todos vocês os maiores detalhes possíveis: sobre a condição financeira, procedimentos técnicos, parcerias com o poder público e privado por meio de convênios, a atuação do Estado e etc. Espero que todos entendam. Obrigado pela atenção!

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